Page 39 - Edição 2 - Revista UFSCar
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                                                                                               Jolice, com os filhos, o
                                                                                              marido e o pesquisador
                                                                                               Natan Pimentel-Filho




































              AS FAMÍLIAS PRODUTORAS DO QUEIJO PORUNGO



                     endurados  pelo  “pes-  está salvando a gente”, diz Rosa-  no Campus Lagoa do Sino e pro-
                     cocinho”  em  cabos  de   na, cujo marido trabalha na la-  duziu  as  fotos  que  ilustram  esta
                     vassoura, esperando a   voura. “Há uns dois anos, a gente   reportagem.
                     produção alcançar uma   comprou vinte novilhas prestes a     Luiz Kriechle produz o queijo
                     determinada quantida-   dar cria e, já nos dois primeiros   Porungo em seu sítio, no municí-
          Pde para que o pai pu-             meses,  com  o  dinheiro  do  leite   pio de Buri. Sua família produzia
            desse ir vender na feira os queijos   e do queijo, tínhamos comprado   e  vendia  leite  para  o  laticínio  de
            que a mãe fabricava. Esta é a pri-  a ordenha mecânica e o resfria-  Buri, mas como o transporte era
            meira lembrança, de infância, que   dor, e estamos pagando as pres-  trabalhoso,  eles  aprenderam  a
            Jolice  Cardoso  tem  do  Porungo,                                 fazer a massa de mussarela, que
            parecida com a imagem que emer-                                    só  precisava  ser  levada  ao  laticí-
            ge da lembrança de Rosana Santi,                                   nio a cada dois ou três dias. Luiz
            que é prima de Jolice. As primas                                   foi tomando gosto pela coisa, não
            iniciaram a produção do Porungo                                    parou mais  a produção e até  já
            por  volta  dos  10  anos  de  idade,                              ofereceu cursos pelo Serviço Na-
            para ajudar suas famílias.                                         cional de Aprendizagem Rural (Se-
              Na casa de Jolice, hoje o Po-                                    nar). Hoje, com 70 anos, além do
            rungo é a principal fonte de ren-                                  Porungo ele produz ricota, queijo
            da da família, permitindo os estu-                                 defumado,  provolone e queijo
            dos dos filhos. O mais novo acaba   tações desse rebanho com esse   tipo Minas,  dentre  outros.  “Cin-
            de ingressar na Escola Agrícola,   dinheiro”, relata ela.          co pessoas se formaram na base
            em  Itapetininga,  e  a  mais  velha,   Os  filhos  de  Jolice  e  Rosana   do  queijo.  Um  é  técnico  agríco-
            Maria Luiza Cardoso, é estudan-  se afastaram  da produção rural   la. Meu neto que mora comigo é
            te  de  Engenharia  de  Alimentos   para estudar. Tiago Santi, o mais   educador físico, e uma outra neta
            no Campus Lagoa do Sino da       velho de Rosana, graduou-se em    é psicóloga. Tenho  também  um
            UFSCar. “Algumas pessoas recla-  Publicidade e Propaganda e, hoje,   filho farmacêutico e outra, que já
            mam que a rotina com o queijo é   é servidor  técnico-administrativo   faleceu,  era professora”,  enume-
            cansativa, mas é ele que sempre   na  área  de  Comunicação  Social   ra, com orgulho.



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