Page 41 - Edição 2 - Revista UFSCar
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COMUNIDADE
“Sem a
regularização,
o produto não é
valorizado, e as
novas gerações não
veem na produção
do queijo uma
Rosana Santi explica
entusiasmada como o
Porungo adquire a sua possibilidade para
forma característica
o futuro”
mig), que doou os materiais para as os participantes receberam orien- cava experiência dentro da própria
análises microbiológicas. tações relativas às boas práticas família”, resume Rosana Galdino
de produção, reunidas também em dos Santos Santi, de Campina do
Regulamentação e associação de uma cartilha produzida em parceria Monte Alegre.
produtores com a empresa júnior do Campus, As pesquisas e a atuação da Uni-
Em meados de 2016, mais uma a LS Consultoria Jr. Também criou- versidade junto aos produtores do
novidade: a equipe ganhou o refor- -se um projeto de extensão para queijo Porungo têm apoiado a co-
ço de Alline Artigiani Lima Tribst, elaborar o regulamento técnico de munidade no aprimoramento de
pesquisadora do Núcleo de Estu- identidade e qualidade do queijo, produtos e processos, além da pre-
dos e Pesquisas em Alimentação essencial à regularização da produ- servação da tradição do Porungo.
(Nepa) da Universidade de Campi- ção, que foi entregue à Prefeitura Segundo o pesquisador Natan Pi-
nas (Unicamp). A nova parceria re- Municipal de Angatuba em 2017. mentel, “sem a regularização, o pro-
sultou na aprovação, em edital da Jolice Antunes Cardoso, produto- duto não é valorizado, e as novas
Unicamp voltado às atividades de ra de Angatuba, destaca o processo gerações não veem na produção
extensão, de projeto que visa o es- de regulamentação em andamento do queijo uma possibilidade para o
tabelecimento de Angatuba como na cidade, e como os produtores futuro. Com isso, se nada for feito,
cidade modelo para a regulamen- já estão preparados para as mu- a tendência é que essa tradição ve-
tação do Porungo, um processo danças necessárias justamente por nha, inclusive, a se perder”.
atualmente em andamento. causa do diálogo com os pesquisa-
“Embora os nossos resultados dores. “Nós trocamos muitas ideias, SAIBA MAIS
indiquem que o Porungo é seguro eles ensinaram bastante coisa para Para saber mais sobre o projeto,
para o consumo, isto não significa a gente, e nós também fomos con- o e-mail do pesquisador Natan
que alterações não precisem ser tando como fazemos o queijo. Foi Pimentel é npimentel@ufscar.br
feitas. Além do suporte técnico aos bom, porque antes a gente só tro-
produtores e do diálogo com o po-
der público local, para elaboração da
legislação específica, nós também
temos conversado com os produ-
tores sobre a criação de uma asso-
ciação, e buscado envolver docentes
de outras áreas nessas conversas. A
associação é importante para que
os produtores tenham mais forças
nas negociações com o poder públi-
co para a regularização e, também,
na comercialização do seu produto,
além de aspectos como o estabele-
cimento de uma marca, uma espé-
cie de ‘denominação de origem’, o
que também valoriza o queijo”, rela- Na linguagem dos produtores,
ta Natan Pimentel-Filho. “apojar” é colocar o bezerro
Foi por meio deste novo projeto para mamar, para que o leite
que aconteceu um curso no qual venha mais facilmente.
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