Page 26 - Edição 2 - Revista UFSCar
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ESPECIAL - CANA DE AÇÚCAR






                                    Danilo Cursi





          variedades de cana do mundo todo
          – amostras da Argentina, Austrália,
          Estados Unidos e outros países, que
          nos ajudam a conduzir os estudos
          dentro do nosso laboratório. Hoje
          temos por volta de 100 a 150 amos-
          tras de cana-de-açúcar já cataloga-
          das, mas este número é dinâmico e
          aumenta a cada dia”, explica o bio-
          tecnologista e pesquisador do LBP,
          Thiago Balsalobre. Segundo ele, o
          fato de o Laboratório possuir amos-                                                                    Rogério Gianlorenzo
          tras  de  vários  locais  do  mundo  é
          um  fator estratégico. “Conseguimos
          garimpar genes de interesse, nacio-  portante compreender quais são os   ta  e  do  relacionamento  direto  com
          nais e internacionais, que  surgem   genes da cana e como usá-los como   o mercado, usinas e produtores, o
          durante as pesquisas, tornando o   alvos num processo de transforma-  Programa de Melhoramento Gené-
          trabalho bastante completo”, afirma   ção genética”, conta ela.       tico da Cana-de-Açúcar da UFSCar
          Balsalobre.                          Os frutos de tanto trabalho,     (PMGCA) também desenvolve ações
            Além disso, o LBP realiza ativida-  embora sejam de longo prazo, têm   de ensino, oferecendo oportunida-
          des  de cultura de  tecidos, que são   potencial para transformar o setor   des a jovens mesmo antes do ingres-
          experimentos  preliminares  para  o   sucroenergético.  “Nosso  intuito   so na graduação. Em 2006, Luiz Fer-
          entendimento do comportamento      é usar a ciência para desenvolver   nando Dias Pereira era guarda mirim
          de uma variedade de cana-de-açúcar   novas tecnologias à produção ca-  e também colaborava na área admi-
          in vitro. Segundo Monalisa Carneiro,   navieira.  Ainda  que  as  aplicações   nistrativa do  PMGCA. Com o tempo,
          estes experimentos são essenciais   práticas  não  sejam  imediatas,  in-  enxergou a grandiosidade do Pro-
          para o desenvolvimento de canas    dubitavelmente no futuro todo o    grama e o seu impacto no mercado.
          transgênicas.  “A  ideia  é  compreen-  nosso  conhecimento  pode  garan-  “Vi a importância que a Ridesa tinha
          der diferentes comportamentos e    tir  um  desenvolvimento  estratégi-  no Brasil e no mundo e o quão valo-
          realizar alterações gênicas para que   co para o produtor”, garante a pro-  roso era o trabalho que as pessoas
          a  cana  geneticamente  modificada   fessora da UFSCar.               fazem aqui. Com tudo isso, comecei
          tenha seu máximo potencial alcan-                                     a ter curiosidade sobre os processos,
          çado. Hoje, já temos experimentos   Cana-de-açúcar na UFSCar: um le-  já que na época eu nem sabia como
          para descobrir genes associados à   que de oportunidades              plantava uma cana”, confessa ele.
          tolerância ao alumínio e à seca. É im-  Para  além  da  pesquisa  de  pon-  Da curiosidade surgiu a vontade


                                                        A CANA NO BRASIL




                                                              PRODUÇÃO – SAFRA 2016/2017:
                                                        • 657,18 milhões de toneladas de cana-de-açúcar
                                                           • 9,05 milhões de hectares de área colhida
                 BRASIL: LÍDER EM
                  PRODUÇÃO DE                  • 6,15 milhões de hectares (68% da área plantada) com cultivares Ridesa
                 CANA-DE-AÇÚCAR                             • 38,69 milhões de toneladas de açúcar
            Principais derivados da cana:                     • 27,80 bilhões de litros de etanol
              açúcar, etanol e energia,
              proveniente da queima do       • A cana-de-açúcar participa com 18,1% da matriz energética do país (etanol
              bagaço; leveduras, rapa-      carburante e bioeletricidade). Como as variedades RB representam 68% dos ca-
              duras, cana in natura para     naviais brasileiros, a Ridesa contribui em 12,3% da matriz energética do Brasil.
             alimentação animal e outros
                compostos químicos.                  Dados: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) 2017 e Ridesa 2015


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