Page 44 - Revista UFSCar Edição 3
P. 44
ESPECIAL SAÚDE - AUTISMO
crianças no ensino regular”, destaca
a professora.
Fazendo diferença
Goyos diz que os principais de-
safios no que diz respeito ao autis-
mo estão relacionados à demora
do diagnóstico e aos tratamentos
inadequados, que comprometem
o desenvolvimento da criança. Foi o
que aconteceu com Samira Ubaide
Girioli, médica cardiologista, mãe
de um menino de 9 anos diagnos-
ticado com autismo. Ela conta que
Estímulos adequados garantem percebeu que o filho tinha algo di-
a evolução do tratamento
ferente quando era bebê: ele reagia
a propagandas na televisão, mas
fala e comunicação”, lembra a mãe. partir dos princípios das interven- não emitia nenhum som. “A gente
O diagnóstico do menino fi- ções em ABA. Ana Cláudia Giglioti foi observando que na evolução,
cou obscuro durante nove anos. Françoso é professora de Português ele foi perdendo o contato visual.
Somente na terceira avaliação da dos 7 e 9 anos na Escola Dalila Gal- Ele não mandava beijo, nem fazia
o
o
Associação de Pais e Amigos dos li, que hoje tem 900 alunos do 1 ao caretas ou dava tchau; não respon-
o
Excepcionais (Apae) - ele tinha sido 9 ano. Um total de 20% dos alunos dia. Isso tudo perto de um ano. A
o
atendido aos 5, aos 7 e, então, aos é público-alvo da Educação Especial. fala não veio. Eu já tinha um filho
9 anos - veio o diagnóstico de au- “Temos um grande número de alu- mais velho, a nossa referência, e
tismo. “Foi quando consegui aten- nos com ‘necessidades especiais’. aquilo foi me incomodando, mas
dimento na própria Apae, além de Muitas vezes, nós professores fica- eu não sabia o que era exatamen-
poder pleitear uma vaga na Escola mos perdidos sobre como trabalhar te”, relembra Samira.
Dalila Galli”. E logo veio a diferença. com eles em sala de aula”, relata Demorou três anos para o filho
“Em um ano e meio, ele aprendeu Ana Cláudia. Ela leciona na escola ser diagnosticado com autismo. E
a ler e a escrever, interage com ou- há cinco anos e diz que houve uma a demora no diagnóstico não foi o
tras crianças, participa em sala de grande diferença quando o Lahmiei único desafio. O menino era aten-
aula, e a relação com a gente em se tornou parceiro da instituição. dido por vários terapeutas e pro-
casa é outra. É muito bom ver a fe- “Agora temos auxílio de pessoas ca- fissionais, mas chegou aos 5 anos
licidade dele quando consegue se pacitadas que nos auxiliam não só falando apenas quatro palavras. De
comunicar e aprende algo novo”, em sala, mas nos desafios diários da acordo com a mãe, os tratamentos
comemora a mãe. escola. Agora, conseguimos desen- da terapia eclética [o garoto era
O segundo projeto social do Lah- volver planos de ação para trabalhar atendido por neurologista, pedia-
miei visa capacitar os profissionais melhor com os alunos ‘especiais’ e tra, fonoaudiólogo, psicopedagoga,
da Educação, cuidadores e pais de estamos mais satisfeitos vendo que terapeuta ocupacional, psicólogo
crianças diagnosticadas com TEA, a conseguimos incluir melhor essas e otorrinolaringologista] eram ca-
Profissionais ligadas ao Lahmiei que
oferecem tratamento em ABA
44 revista UFSCar