Page 43 - Revista UFSCar Edição 3
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ESPECIAL SAÚDE - AUTISMO
Samira Girioli, mãe de um
menino com austimo
“A fala não veio.
Eu já tinha um
filho mais velho, a realiza projetos de cunho social,
nossa referência, mais especificamente voltados para
e aquilo foi me crianças de escolas públicas. São
dois projetos principais: o primeiro
incomodando, mas busca estabelecer uma base sólida
de atendimento escolar às crianças
eu não sabia o que com transtornos de desenvolvi-
era exatamente.” mento. O objetivo é adequar e pro-
duzir procedimentos de ABA para
o ensino de comportamentos so-
cialmente relevantes aos indivíduos
com Transtorno do Espectro Autis-
da quarta turma do curso de espe- crível!”, afirma Brito. ta (TEA), atrasos no desenvolvimen-
cialização oferecido pelo Lahmiei. Foi justamente em um congres- to e dificuldades de aprendizagem.
Quando percebeu que seu filho so que Brito conheceu as pesquisas Márcia Maria dos Santos, que
não estava seguindo o desenvolvi- e o trabalho do Lahmiei, com o ABA: trabalha como doméstica, é mãe
mento esperado para a idade, em “Me lembro da fala da pesquisado- de um garoto de 11 anos, diag-
aspectos de fala e interação social, ra sobre a importância da UFSCar nosticado com TEA. Ele frequenta
Brito procurou alguns profissionais no campo da Análise do Compor- a Escola Municipal de Educação
para saber o que estava acontecen- tamento”. Depois disso, decidiu se Básica (EMEB) “Dalila Galli”, polo de
do. Após muitas tentativas, à épo- inscrever no curso. “Este novo cam- Educação Especial no município de
ca o garoto estava com 7 anos, um po de pesquisa tem sido muito gra- São Carlos e local onde o Lahmiei
médico deu o diagnóstico de au- tificante para mim, no sentido de desenvolve a ação. Ela conta que só
tismo. “Mas ninguém nos orientou que ele responde a vários anseios descobriu que o filho tem autismo
quanto à intervenção. Foi sugerido da minha vida e me ajuda a com- há um ano e meio. “Ele já foi chama-
um acompanhamento que chama- preender melhor o autismo, a me do de preguiçoso e diagnosticado
mos de eclético – com fonoaudió- comunicar com meu filho e a con- com Transtorno de Deficit de Aten-
logo, terapeuta ocupacional e psi- tribuir com a sociedade”, afirma ele. ção, hiperatividade e com síndrome
cólogo. Foram quase quatro anos do X frágil. Até os 9 anos, meu filho
de tratamento e não conseguíamos Projetos sociais recebeu tratamento eclético, não
interagir com nosso filho. Era de- Além da pesquisa, formação e sabia ler, nem escrever, ficava sozi-
sesperador. O autismo parecia uma capacitação, o Lahmiei também nho na escola, tinha dificuldade de
sentença e, para mim, pessoalmen-
te, foi muito difícil tanto que entrei
em depressão. Me sentia de mãos
atadas por não conseguir ajudar
meu filho a se comunicar com o
mundo de alguma maneira”, relem- “Agora temos
bra o pai.
Brito, que pesquisava religião, auxílio de pessoas
mudou seu foco de trabalho. Pas- capacitadas que nos
sou a estudar o autismo e as in-
tervenções possíveis. Foi quando auxiliam não só em
descobriu a Análise do Compor-
tamento Aplicada, participou de sala, mas nos desafios
congressos sobre ABA, leu muitos diários da escola.”
artigos e encontrou um analista do
comportamento para acompanhar Ana Cláudia Françoso,
seu filho. “Ele desenvolveu em três professora na Escola
meses o que não fez em quatro Dalila Galli
anos de tratamento eclético. Foi in-
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ABA – O método visa: