Page 18 - Revista UFSCar Edição 3
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CULTURA









          cas, mas o fato de poder aproximar   sociais. Seis deles passaram a fre-  Em 2016, na montagem da peça
          a Ciência do público, por meio da   quentar o Ouroboros e a ter aulas   “Peter Q Pan”, Karina pediu ajuda ao
          arte, me cativou”, afirma ele.     de Química, Biologia e Matemática.   mestre vidreiro da UFSCar, Ademir
                                             Em 2009, propuseram a realização   Aparecido Sertori, para fazer uma
          Inclusão                           de uma peça sobre o cotidiano de   flauta pan e o carrilhão de vidro que
            Em 2009, o Ouroboros criou o     pessoas  cegas.  O espetáculo  “Um   integrariam os adereços do espe-
          projeto “Olhares”, a partir da ideia   novo sentido” consistia em levar o   táculo. Nascia aí uma nova parceria
          de  inclusão  e  do  desejo  de  levar   público, com vendas  nos  olhos,  a   do Ouroboros. Neste mesmo ano, o
          Ciência e arte também  a pessoas   explorar os sentidos em  diferentes   Laboratório de Materiais Vítreos (La-
          com deficiências. Para tanto, foram   estações, como cozinha do café da   MaV), sede do CeRTEV, completou 40
          convidados os integrantes do Pro-  manhã,  banheiro, quarto  e  cami-  anos e a ideia foi fazer uma apresen-
          ver, um programa criado em 1997    nhada. Ao final, uma dança de tan-  tação musical com os integrantes do
          e conduzido pela Biblioteca Comu-  go, com todos de olhos vendados.    projeto  “Olhares”  utilizando  apenas
          nitária (BCo) da UFSCar, que utiliza   Em 2014, o Ouroboros firmou par-  instrumentos feitos de vidros.  “Eu
          softwares específicos para facilitar o   ceria com o CeRTEV que resultou   pego o instrumento real e reproduzo
          acesso de pessoas com deficiências   nas exposições “Ciências e Artes In-  em um modelo de vidro. Em alguns
          visuais  a todo tipo de informação,   clusivas” e “Mundo de Vidro”, entre   casos, fica muito difícil reproduzir  a
          eliminando barreiras pedagógicas e   outras iniciativas.              forma original, assim tenho que fazer
                                                                                adaptações”, conta Ademir Sertori.
                                                                                Ele,  que começou  a  trabalhar com
                                                                                vidros em 1976, na Oficina de Vidra-
                              Estudante e professor da UFSCar                   ria da UFSCar, diz que o mais com-
                             integram o grupo que leva a Ciência                plicado são os detalhes, justamente
                               para mais perto das pessoas                      que  fazem  com  que  o  instrumento
                                                                                funcione, como por exemplo o bocal
                                                                                da flauta doce – a primeira ele levou
                                                                                três dias para fazer. Em parceria com
                                                                                o  luthier  [profissional  especializado
                                                                                na construção e no reparo de ins-
                                                                                trumentos]  Marcel  Abramo,  alguns
                                                                                instrumentos são construídos e afi-
                                                                                nados em conjunto.
                                                                                   Para a apresentação em home-
                                                                                nagem  aos  40  anos  do  LaMaV,  foi
                                                                                criado  o  espetáculo  “Sons  Vítreos”,
                                                                                no qual pessoas cegas ou com al-
                                                                                guma deficiência visual, ao lado de
                                                                                outros músicos, executam em ialo-
                                                                                fone,  flautas  e  vários  instrumentos
                                                                                de vidros, clássicos da música popu-
                                                                                lar brasileira, como “Garota de Ipa-
                                                                                nema”, “Aquarela do Brasil” e “Asa
                                                                                Branca”. Além das canções, a pro-
                                                                                posta também é levar a ciência dos
                                                                                vidros para mais perto das pessoas.
                                                                                   Rose  Roma,  que  perdeu  a  visão
                                                                                ao nascer, antes do Ouroboros ha-
                                                                                via feito aula de canto lírico. No “Sons
                                                                                Vítreos”, ela toca triângulo de vidro e
                                                                                canta. “Eu adoro o grupo ‘Olhares’ e
                                                                                desde o início sabia que ia ficar”, re-
                                                                                lembra a artista . Antonio Brambilla
                                                                                perdeu a visão aos 16 anos. Depois,
                                                                                começou a tocar violão, cavaquinho,
                                                                                acordeom  e  flauta,  tudo  de  forma
                                                                                autodidata. “É uma satisfação per-
                                                                                tencer ao grupo e fazer algo que

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