Page 50 - Revista UFSCar Edição 3
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ESPECIAL SAÚDE - CURSO DE MEDICINA
desde o começo ele vai aprenden- Adler, docente do Departamen- Santos, também docente do DMed.
do como funciona um organismo, to de Medicina (DMed) e Diretora “Quando eu fui fazer a minha re-
na saúde e na doença”, explica o Técnica da Unidade Saúde Escola sidência, no contato com colegas
Coordenador do curso. “É a prática (USE) da UFSCar. “E o docente par- que vinham da formação mais tra-
que oferece os disparadores para ticipa desse processo de constru- dicional, eu percebi que tínhamos
que o aluno vá atrás do conheci- ção de conhecimento, junto com mais tranquilidade em perceber
mento, com acompanhamento do o aluno. Nós vamos inquirindo o que, em alguns momentos, eu não
professor. Mas o docente não che- estudante sobre o seu conheci- saberia algumas coisas. A gente
ga lá e oferece as respostas, é o es- mento e estimulando que busque aprende entendendo que o que
tudante que busca as informações”, o aperfeiçoamento”, acrescenta. estamos aprendendo hoje amanhã
complementa. “A gente fala que faz reflexões em talvez não seja mais o que precisa-
mos e que, portanto, sempre tere-
mos de estar aprendendo”, atesta
Estudantes atendem na a médica psiquiatra Karina Toledo
Unidade Básica de Saúde do da Silva Antonialli, que ingressou
bairro Cidade Aracy, em São
Carlos: contato direto com a no curso de Medicina da UFSCar
realidade da Saúde Pública na segunda turma, em 2007.
Atenção Básica
A integração entre teoria e prá-
tica começa já nos primeiros dias
do curso de Medicina da UFSCar,
quando os estudantes realizam vi-
sitas aos diferentes equipamentos
de Saúde da Universidade e do Mu-
nicípio, para conhecer os chamados
“cenários” onde estarão inseridos
nos momentos da sua formação.
Depois, são divididos em quatro
grupos de 10 pessoas (são 40 as
vagas oferecidas a cada ano para
ingresso no curso), que permane-
cerão os mesmos até o final da for-
mação. Cada grupo vai, então, co-
nhecer uma Unidade de Saúde da
Família (USF) do Município, na qual
deve permanecer até o quarto ano
do curso. Depois de serem apre-
sentados à equipe da USF, os estu-
dantes começam a ser apresenta-
dos às famílias. Nas visitas iniciais,
vão às residências acompanhados
dos agentes comunitários de Saú-
de, preceptores ou docentes, mas,
com o tempo, é com eles que as fa-
mílias estabelecerão o vínculo.
Uma particularidade da UFSCar
“Nós temos a possibilidade pequenos grupos e as pessoas se é que cada grupo de 10 estudantes
de ensinar o aluno a aprender, perguntam: mas pequenos grupos acompanha as mesmas oito famí-
a buscar o conhecimento, e isto são salas de aula pequenas? Não. lias ao longo dos quatro primeiros
tem duas consequências impor- O estudante tem o caso e tem de anos da formação, considerando
tantes. O estudante tem um grau ir para casa descobrir qual é uma oito ciclos de aprendizagem re-
de responsabilidade muito gran- fonte de informação confiável. Ele é lacionados à gestante, à lactente
de perante o seu aprendizado e, sempre desafiado a tentar chegar a (bebê até os dois anos), à criança,
junto a isso, uma oportunidade de um conhecimento que não tem, e é a adolescentes, adultos (homens e
construir o seu próprio conheci- formado para atingir esse conheci- mulheres), idosos e idosas. Até o
mento”, avalia Maristela Schiabel mento”, explica Sigrid de Sousa dos final do segundo ano, o estudante
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