Page 32 - Edição 2 - Revista UFSCar
P. 32
COMUNICAÇÃO
Rádio UFSCar opera
em software livre
Escute Diferente
Participação da comunidade e diversidade de estilos
marcam os 10 anos da Rádio UFSCar
Fabricio Mazocco Christian Savi
o dia 23 de agosto de Luiz Carlos Gomide tinha 14 vizinha. Anos mais tarde, na univer-
2007, São Carlos e anos quando trabalhou como office sidade, quando cursava Matemática,
região recebiam um boy para o radialista Cicero Carnei- ouviu um som familiar - aquele mes-
novo sinal no ar. Eram ro na Rádio Bela Vista, em Uber- mo que escutava vindo do vizinho
as primeiras transmis- lândia (MG). Carneiro comandava o - e descobriu que aquilo era Blues.
Nsões oficiais da Rádio programa musical e de entrevistas Não parou mais de ouvir Blues.
da Universidade Federal de São Car- “Serenata em HIFI”, ao vivo, direto Aldo Bernardo, quando criança,
los, a Rádio UFSCar, operando na da casa de um dos entrevistados. E não desgrudava do aparelho de rá-
frequência 95,3 FM. Desde então, sempre era preciso transportar toda dio que tinha em casa. Gostava de
mais do que construir sua própria uma coleção de LPs para o local de ouvir a voz do locutor. Conseguia
história, a emissora ajudou a trans- onde o programa estivesse sendo imaginá-lo dentro de um estúdio,
formar a trajetória de pessoas apai- transmitido. E adivinha quem tinha falando enquanto um mundo intei-
xonadas pelo rádio. Ao abrir suas que cuidar dos discos? Mas enga- ro o ouvia. Essa paixão o levou até
portas e microfones ao cidadão na-se quem pensa que Gomide se o curso técnico em locução do Ser-
comum, a Rádio UFSCar realizou so- incomodava. Ao contrário, realizava viço Nacional de Aprendizagem Co-
nhos de locutores e programadores o trabalho com muita satisfação. E mercial (Senac). Ao mesmo tempo,
amadores, preencheu sua progra- a música não ficava só no trabalho. Aldo integrava o Núcleo de Estudos
mação com diversidade de estilos e Chegando em casa, enquanto fazia Afro-Brasileiros (NEAB) da UFSCar,
sotaques e democratizou o acesso o dever escolar, ouvia frequente- criado em 1991 por iniciativa de
à comunicação pública. Se tornou mente um som diferente, vindo de professores, estudantes, servidores
uma rádio diferente. uma guitarra semi-acústica da casa e de militantes do Movimento Negro
32 revista UFSCar