Page 24 - Revista UFSCar - Edição 01

SUSTENTABILIDADE

Rogério Gianlorenzo

mas plantas do cerrado que podem
resultar em remédios. Por exemplo, e Sustentabilidade da UFSCar, “o
cerrado da Universidade é um dos
em 2007, o laboratório Apsen criou poucos remanescentes deste tipo
um fitoterápico cicatrizante (primei- de bioma na região e uma área fun-
ro agente cicatrizante aprovado pela damental tanto para a comunidade
Anvisa oriundo de uma planta do interna quanto para a cidade, o Es-
cerrado) baseado no extrato seco tado e o País, pela biodiversidade
da Stryphnodendron adstringens das espécies que agrega. É uma
(barbatimão-verdadeiro). A pesqui- fonte praticamente inesgotável de
sadora Lorena Albernaz, professora pesquisa, não só para a Biologia e
da Faculdade de Ciências da Saúde, a Ecologia, mas para estudos mul-
da Universidade de Brasília (UnB), tidisciplinares. É um grande bene-
em sua tese de doutorado, anali- fício para a Universidade”, afirma o
sou extratos de mais de 200 espé- Secretário.
cies vegetais. Ela encontrou dois Mas, se muitos ainda não tive-
extratos de plantas do cerrado que ram a consciência despertada em
apresentaram excelentes resulta- prol do cerrado, tantos outros – ao
dos contra doenças negligenciadas, tomarem contato direto com a pai-
como a Malária, a doença de Chagas sagem do cerrado da UFSCar – já

Cerrado UFSCar

Rogério Gianlorenzo - cerca de 200 hectares;
- mais de 45 espécies de mamíferos, pelo menos

200 espécies de aves;
- 1/3 das espécies que existem no Estado de São Paulo;

- 6% de todas a espécies que existem no Brasil.

e a Leishmaniose. se sentiram tocados, na alma e no
Como é possível perceber, apa- coração. Amanda Mello, por exem-
rentemente existem enormes possi- plo, conheceu o cerrado há 15 anos
bilidades de produção de produtos quando era criança, durante uma
medicinais através de plantas do visita guiada pelo grupo Trilha da
Natureza. “Apaixonei-me pelo lo-
cerrado, mas esse potencial pode
Arystene Nicodemo nem ser explorado, pois o bioma cal, e quando vim cursar Biologia
na UFSCar, me tornei monitora do
corre perigo, visto que é alvo de
atividades agrícolas de forte apelo
sentou ao cerrado. Hoje, o cerrado
comercial. Alguns especialistas indi- projeto que anos atrás me apre-
cam que, seguindo-se o ritmo atual é minha segunda casa”, diz.
de destruição, em 2030 o cerrado Amanda lembra que outra expe-
terá desaparecido. riência marcante para ela foi o tra-
balho de conclusão de curso que
A UFSCar e a Preservação do Cerrado fez em 2015, quando realizou en-
Voltando para dentro da Uni- contros de educação ambiental no
versidade, é provável que muitos cerrado com pessoas com deficiên-
daqueles que transitam nos ar- cias visual, auditiva e física. “Foram
readores do cerrado e admiram cerca de 20 pessoas que participa-
sua paisagem grandiosa dentro do ram das atividades. A experiência
Campus São Carlos não tenham a foi incrível! Os participantes nunca
Arystene Nicodemo sua conservação. De acordo com mos que para eles, estar na mata
tinham visitado o cerrado e senti-
real dimensão da importância de
foi algo único. O cerrado é meu lu-
Marcelo Nivert Schlindwein, Secre-
gar preferido, e adoro trazer as pes-
tário Geral de Gestão Ambiental
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